Uma artista: Francesca Woodman (1958-1981). Artista cuja obra explorou o tempo, a identidade e o corpo feminino como território. Seu trabalho explora visualmente a relação do corpo com o espaço, onde o desaparecimento é marcado como uma forma de presença. Em autorretratos borrados, atrás de cortinas ou em fuga pela própria casa, sua fotografia está profundamente ligada à performance.
Um livro: Não poderia escrever esta carta sem indicar este, mesmo que já tenha circulado bastante por aí. Caderno proibido, de Alba de Céspedes (Companhia das Letras).
“Vejo as páginas em branco, repletas de linhas paralelas, prontas para acolher a crônica de meus dias futuros, e mesmo antes de vivê-los já fico perturbada. Sei que minhas reações aos fatos que anoto em detalhes me levam a me conhecer mais intimamente a cada dia. Talvez existam pessoas que, conhecendo-se, conseguem se tornar melhores; eu, porém, quanto mais me conheço, mais me perco.”
E, se posso recomendar um segundo, o meu recém-lançado livro de poemas, Guardar um corpo com palavras (Editora Planeta).
Um filme: Por fim, assisti há algum tempo a A filha perdida (2021), de Maggie Gyllenhaal. Baseado em um romance de Elena Ferrante, o filme fala sobre o gesto de encarar o próprio interior e sobre como o que tentamos silenciar encontra uma forma de se manifestar. A atuação de Olivia Colman é um fascínio à parte.
Com amor, Cristina Rioto @caixadesaida |