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Oi, boas-vindas
à Mixtape #12

Meu nome é Giovanna Cianelli, e, toda semana, você vai receber uma playlist com músicas selecionadas a partir da minha pesquisa musical. A ideia é explorar sons de diferentes países, gêneros e épocas.

The Velvet Underground começou sua jornada em meados dos anos 1960 como o principal experimento musical de Andy Warhol, que não só produziu o icônico filme Vinyl (1965) como colocou o grupo na rota da vanguarda artística. É nessa atmosfera underground nova-iorquina, fundindo pop art e rock, que Lou Reed consolida seu papel de poeta urbano: ouvimos aqui “Ride Into The Sun”.

Já em “Young & Holtful”, Young-Holt Unlimited — formado pelos ex‑The Jazztet Eldee Young e Red Holt — entrega um groove irresistível, em que o baixo pulsante e as linhas de piano flertam com o soul sem deixar de exalar a sofisticação jazzística dos anos 1960. Essa música é a versão instrumental do hit "Am I the Same Girl”, de Barbara Acklin, e depois essa música ainda teve seu revival nos anos 1990 com uma releitura com baterias sintéticas da Swing Out Sister.
Em seguida, “Deep Blue Sea”, de Art Lown, nos envolve em uma paisagem sonora contemplativa: guitarras e teclados se entrelaçam como ondas melódicas, convidando a um mergulho tranquilo nas emoções submersas, e depois ouvimos “Some”, de Steve Lacy, lançada em 2017. 
No pulsar tropical de “Sem entrada e sem mais nada”, Tom Zé e Os Versáteis levam o tropicalismo ao extremo com uma colagem sonora em que eletrônica e percussão regional se chocam.
Vindo da Itália, I Marc 4 narram a selva de concreto em “Trama Nella Metropoli”, costurando cordas, metais e efeitos eletrônicos que traduzem o vai e vem frenético das metrópoles.

Em “No One to Depend On”, Santana encarna a fusão perfeita entre rock, blues e ritmos latinos: a guitarra de Carlos Santana canta a solidão coletiva de quem busca apoio em vão, num solo ardente que atravessa gerações. Na pesquisa do episódio passado, também achei esse vídeo do Santana contando a experiência dele de tomar LSD no Woodstock.
Chegamos a “Truth Spoken Here”, de Dorothy Ashby, na qual a artista, mulher negra de Detroit, desafiou expectativas ao inserir a harpa — instrumento associado à música erudita — no coração do jazz. Estudante de música clássica, Ashby encontrou no soul‑jazz dos anos 1950 e 1960 a liberdade para reinventar sua técnica, registrando marcos como Dorothy’s Harp e The Jazz Harpist (ambos de 1957). Sua ousadia não só abriu caminho para a harpa no jazz, mas também inspirou produtores de hip‑hop e R&B nas décadas seguintes. Uma das harpistas contemporâneas que citam o trabalho da Dorothy é a Brandee Younger, ela fala um pouco sobre isso nesta entrevista. Recomendo também o Tiny Desk da Brandee.
Fechamos nossa playlist de hoje com Budgie, em “Who U Were”, e com “Here Today And Gone Tomorrow”, dos Ohio Players .
Até semana que vem!

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